Crescendo pra fora daqui...
Capítulo I - No aeroporto
Ele tinha esperado um bom tempo e se preparado muito pra essa viagem. Foi embora sem avisar ninguém, porque sabia que se falasse alguma coisa não conseguiria partir. Afinal de contas, ele nunca soube quando e se voltaria. Claro que ele se despediu a sua maneira, mas apenas dos amigos mais importantes, e ainda resolveu algumas pendências antigas antes de ir embora.
A família toda estava em volta dele se despedindo em frente ao portão do terminal de embarque. Nó na garganta, bagagem de mão pesando mais que o peito, a umidade do ar já fazendo falta.
"Atenção passageiros do vôo 'um número que não se entende, pois todo mundo sabe que a qualidade dos autofalantes dos aeroportos é péssima em parte do mundo', embarque imediato no portão 'outro número que não se entende'".
- Tchau mãe, tchau família. Eu mando um e-mail quando chegar. Vou sentir falta de todos vocês. Se quiserem, podem me visitar qualquer dia desses, mas, por favor, avisem antes. - diz ele fingindo que não vai sentir falta de ninguém e que, hoje em dia, com Netmeeting, microfone e webcam nem parece que se está longe, afinal, fica todo mundo à vista mesmo com milhas de distância. Tem até gente que faz sexo virtual assim!
- Espere! - fala alguém com uma voz que se aproxima e ofega.
- O que você está fazendo por aqui, meu? - pergunta o cara que vai embora.
- Eu li a carta que você deixou pra mim Meu carro está estacionado aqui na frente da entrada, e é proibido deixar ali, você sabe, então eu queria que você fosse comigo ali para nos conversarmos. - fala o cara que chegou no meio da choradeira particular, e, vendo a surpresa estampada na face de todos presentes ainda complementa, - Ah, oi povo... Tudo bem com vocês todos?
Uma mala (não a que recém chegou) cai no chão e o cara diz:
- Pelo amor da vaca, como é que é?
(continua...)