Provavelmente, a maioria dos que estão lendo esse blog já estiveram nessa situação. Você conhece alguém pela Internet, conversam por dias, algumas vezes por meses a fio. A voz é perfeita; a foto, quando existe, é ótima (tirada em geral de um book fotográfico que nunca passou por agência alguma); até o e-mail é sugestivo fulano@iwannabeinlove.now. Quer mais pra marcar um encontro com alguém que você nunca ouviu?

Aí chega o dia do encontro. Para promover o nosso site, vamos supor que vai rolar no Seletando Bar, que vai ser inaugurado em alguns anos ou assim que acharmos investidores. Vários ambientes, uma pista de dança. Vocês marcaram perto da fonte (sim, lá vai ter uma fonte) às 10 em ponto. E às 9:55 você chega e fica esperando. E segue esperando. E a cada pessoa bonita que passa você pensa “tomara que seja você... vem... veeeeem”; e a cada feia você pensa: “xô... sai daqui coisa ruim...” Então a pessoa vai chegando... E vem na sua direção, decididamente. Nesse momento duas situações distintas podem ocorrer.

Situação 1: Um acidente. Foi isso que aconteceu com a pessoa que você ia encontrar, afinal, não tem como alguém ficar tão feio em tão pouco tempo. Ela disse pra você que a foto era recente. Mas como? Só um atropelamento faz um estrago desses em uma pessoa. E o que é aquele ovo saindo da testa? Seria um alien? Você não tem como fugir, a única situação é se atirar na fonte, mas isso chamaria mais ainda a atenção das outras pessoas e elas veriam quão abominável é a sua companhia e quão ensopado você ficou. Tudo que você pode dizer é “Oi!” e talvez inventar alguma desculpa do tipo “meu cachorro ta doente, só vim pra dar uma passadinha e já tenho q voltar”.

Situação 2: Você nunca viu uma pessoa tão linda na sua vida. É inacreditável a possibilidade de haver tanta beleza em uma única pessoa. Você quase cai na fonte de tanta emoção; só não o faz porque ia criar uma situação muito ridícula da qual vocês ficariam se lembrando pelo resto das suas vidinhas Disneyísticas. A foto realmente saiu do book fotográfico, aquele que já passou por todas agências. Você ainda descobre que essa maravilha fala Russo e Alemão fluentemente. Ao invés de Buá, disse Hello quando nasceu e agora, aos 25 anos, está aprendendo Japonês, pois não tinha o que fazer naquele sábado de manhã. Acha que todo mundo devia ter noções de física quântica no colégio.Tem um gosto musical variado e refinado e não entende como alguém pode ficar olhando as novelas da Globo. Claro que gosta de ver televisão, afinal, tem seriados realmente divertidos em outros canais e documentários fantásticos na sua TV por assinatura. Uma coisa que você começa a entender é por que essa pessoa mora tão isolada, num bairro afastado. Tanto conteúdo precisa de espaço e liberdade, e você não se importa em viajar alguns quilômetros para encontra-la.

Só tem um porém: tudo isso é demais pra você e, nesse caso, você é o objeto da situação 1.