Bundão

Se tem uma palavra que descreve muito bem a personalidade de um cara que eu conheço, essa palavra é BUNDÃO. Eu achava que esse tipo de gente não existia de verdade, que eram apenas invenções de mentes cheias de idéias que escrevem roteiros de novelas ou música rap, mas não. É real: bundões existem, e eu vou definir esse termo. Possivelmente, quando alguém escrever um trabalho científico falando de bundões, esse alguém cite a minha definição. Seria mais ou menos assim:

Segundo Berg et al. um Bundão é aquela pessoa que se deixa ser mandada pelo namorado ou namorada, independentemente do tempo em que estão juntos e da situação em que a relação se encontra. O Bundão não se importa que isso ocorra na frente de outras pessoas, sejam elas amigos de anos ou recém conhecidos. Tampouco se importa o Bundão em ficar quieto quando o seu silêncio é solicitado, havendo ele falado algo inteligente ou alguma bobagem, pois, enfim, o importante é que o cônjuge mandou ele calar a boca, e ele prazeirosamente o faz. Também é inerente a raça dos Bundões procurar satisfação fora do relacionamento, sem entretanto ter a capacidade de terminá-lo oficialmente, unicamente porque essa atitude faria com que ele adquirisse um mínimo de assertividade, o que despiria de sua identidade própria, ou seja, a de Bundão.

O Bundão é um fracasso na vida acadêmica e um possível fracasso na vida profissional, uma vez que abre mão de tudo isso para ficar ao lado de alguém e pára de cuidade de si mesmo e dos seus afazeres. Esse tipo de gente normalmente não tem amigos, afinal, a vida foi feita para se vivida para apenas um ser: o grande amor - ou carma - da sua vida, e essas pessoas em volta apenas atrapalhariam.

Essa gente não tem reações espontâneas ou impulsivas no dia-a-dia enquanto convivem com o(a) companheiro(a). Aliás, está para nascer um Bundão que consiga levantar a voz, virar a cara ou simplesmente sair andando de dentro de um carro parado no sinal vermelho dizendo 'CHEGA! PAREI CONTIGO!'. Pensando bem, esse é o tipo de coisa que pode acontecer - talvez por alguma conjunção astral imprevista - mas, poucos dias depois, o Bundão vai voltar a falar manso e ficar de quatro abanando o rabinho (literalmente).

Então, os Bundões existem, eles não conseguem enxergar um palmo à frente do nariz, e isso me dá pena.