De caaaaaaaaara no chão

O hospital onde eu faço estágio é um excelente lugar para seletar: médicos, residentes, farmacêuticos, enfermeiros, fisioterapeutas, estagiários e acadêmicos das mais diversas áreas rondam os corredores e as escadarias de um lado para outro, todos devidamente paramentados com seu jaleco branco e, dependendo do caso, outro acessório pertinente à respectiva área. Sumarizando, é um lugar bom pra tirar o pé da lama e a barriga da miséria.

Troquei de área no estágio recentemente: migrei dos pacientes adultos para a pediatria. Comecei hoje, oficialmente. E já caí com tudo, literalmente.

Estava sentado na salinha de prescrição pensando na morte da bezerra enquanto verificava algumas pendências quando resolvo ir embora. Levanto calmamente, sacudo bem faceiro o jaleco, junto minhas coisas, acomodo a pasta no meu braço e dou um passo para sair do espaço entre o banco e a mesa. Sinto que meu pé não move e, em frações de segundos, sinto meu corpo caindo inevitavelmente no chão, sem a chance de sequer dobrar os joelhos para cair aos poucos e recuperar o equilíbrio. Me sinto uma árvore sendo derrubada, ou uma Drag Queen traída pela sua bota plataforma.

O que eu fiz? Ora, pois. Levantei sem gemer, examinei a sala e constatei que, felizmente, só havia duas colegas e uma desconhecida na sala. Normalmente, há em torno de 20 pessoas na sala. Me senti a pessoa mais sortuda do mundo e comecei a meio que rir. Juntei minhas coisas novamente e fui embora como se nada tivesse acontecido.

E não, eu não me machuquei... muito...