s e l e t a n d o ----> ?


segunda-feira, julho 25, 2005

Levei um esporro do Ganso por não estar escrevendo regularmente aqui no seletando. É verdade, estou numa fase de baixa produção literária, talvez pq não tenho tido tempo para ler muito, e isso reflete em ter menos tempo (e cultura) para escrever aqui. Talvez seja também porque eu to passando uma temporada em São Paulo e não tenho acesso à internet no refúgio do flat que estou hospedado.

Ou provavelmente é porque um FDP nunca abaixa o ar condicionado do trabalho, o que congela minhas mãos enquanto tento matar um tempinho da minha tarde para jogar umas palavrinhas egoístas aqui.

Prometo que vou tentar aquecer. As minhas mãos e o Seletando =)

domingo, julho 24, 2005

O mais preparado!

Quando morei em Londres, é claro, dei umas seletadas. Além de sair em alguns pubs, também ataquei no meu site tipo "solteiro procura" favorito: o Gaydar, que, por sinal, nasceu no Reino Unido.

Numa dessas tardes seletando virtualmente, fui conhecer um cara. Parecia legal pela foto, mas nada de mais. Uns 35 anos, corpo em dia, papo bom. Não custa ver o que vai sair daí. Nos encontramos no centrão (que é bem diferente do de Porto Alegre, claro) e ele me convidou pra tomar algo com ele em sua casa, que era ali perto: um apartamento enorme, num prédio lindo, do ladinho de Oxford Street, perto de Picadilly Circus. Eu pensei: nooooooooooooossa...

Diálogo inicial:

- O que tu quer tomar?
- Qualquer coisa...
- Não, quero saber o que tu quer.
- Ah.. um suco.
- De que?
- Tanto faz.
- De que?
- OK! Maçã!

E ele trouxe o suco de maçã. Momentos depois, sentado no sofá, tomando suco e conversando, comento algo sobre os atrasos do metrô. Ele pergunta se no metrô de Porto Alegre também é assim, e eu digo que não temos um. Ele me vem com um livro sobre sistemas de metrô do mundo todo, em cuja autoria ele teve participação, e mostra como Porto Alegre tem uma linha de trêm que a liga às cidades próximas: o Trensurb.

Próximo tópico: livros. Ele comenta que viu no meu profile que eu gostei do filme Grandes Esperanças. Concordei e disse que gosto dos livros de Charles Dickens, embora não tenha lido muitos. Ele aponta para uma estante com toda a coleção desse autor.

O assunto de livros evolui para ditados populares. Ele traz três livros: um de ditados em inglês, um de ditados em alemão e um de ditados em português.

Ok, chega de livros. Eu viro meu pescoço, ele pergunta o que houve, e eu respondo que meu pescoço estava doendo um pouco. Acreditem ou não, ele é formado em Educação Física (além de ser formado em Medicina e ter percorrido boa parte da Ásia fazendo seu doutorado em sistemas públicos de saúde) e que - pasmem! - ele tem habilitação para ser massagista. Como se isso não bastasse, ele tira, de trás do sofá, uma cama para massagem!

E agora? Fico ou não fico? Pela preparação eu acho que ele merecia.

quarta-feira, julho 20, 2005

Não! É a A!

Recentemente, deixei de ser apenas um desconhecido no cursinho. Agora sou conhecido pelas pessoas, mas não sei se a imagem que elas têm de mim é boa ou má.

Eu explico. Durante a faculdade, aprendi em umas três cadeiras, acredito, a estrutura do DNA. Eu sei que isso é matéria do Ensino Médio, mas, levando em consideração que ninguém aprende isso enquanto é adolescente, imagino que os professores da universidade já tenham se dado conta que é necessário ser explicado dezenas de vezes. Semana passada, resolvi uma questão sobre isso. Era uma ilustração de uma molécula de DNA com a representação geométrica de suas bases púricas e pirimídicas, acompanhadas de um número. Deveríamos identificar qual era qual. Segundo o professor, a resposta correta era a letra C. Eu não concordei. Segue o diálogo:

- Então, chegamos à resposta certa: letra C.
- Não! É a A.

Silêncio absoluto na turma. O professor - que é gente boa por sinal - olha para mim, encena uma risadinha, e pergunta:

- Mas por quê?
- Porque a número 1 deve ser uma purina, levando em consideração que ela tem dois aneis. Portanto, ela não pode ser uma pirimidina. O mesmo se aplica às outras bases representadas, só que de forma inversa.
- Uhr? Mas as pontes de hidrogêneo entre as fitas...
- Ficam corretas também! Olha só... Se tu voltar duas páginas atrás e der uma olhada na representação geométrica das moléculas dessas bases, vai ver que não tem como ser a letra C, mas sim a letra A.

Nisso a turma inteira já estava dando risadinha, não sei se de mim ou do professor, e eu só desejava que ele conseguisse entender o que eu estava tentando explicar. Ele virou a página... olhou para as moléculas... pensou...

- Sim... digo, não... mas se tu... hmmmmm.... é... tá certo... gente, é letra A. Valeu, amigo.

Respirei aliviado.

segunda-feira, julho 18, 2005

Coelhinho da páscoa, que trazes pra mim?

No final de 2000 eu tive um namorado. A relação não foi das mais simples, muitas vezes por minha causa. Não estou escrevendo isso para culpar ninguém, especialmente porque já faz muito tempo. O fato é que dois dias antes do natal daquele ano, quando nos encontramos para trocar presentes, fomos ainda para um motel, onde adorávamos ficar vendo os desenhos que passavam no cartoon network. Após os desenhos, ele se virou para mim e disse que não poderíamos mais ficar juntos, que não gostava mais de mim. Esse episódio rendeu a ele o apelido carinhoso de sádico natalino por parte de alguns amigos meus. O figurino desse personagem é composto por uma roupa de Papai Noel toda em couro, incluindo o saco e o gorrinho.

Nos falamos e nos vimos em raras ocasiões após esse acontecimento. Até que, há poucos meses...

... eu estava trabalhando em uma chapelaria da que me disseram ser a maior festa gay de Londres. Pelos 1.730 casacos e 460 bolsas que eu pendurei e devolvi, não duvido que realmente fosse. De acordo com o pessoal que estava na festa, havia uma espera de mais de uma hora na fila. Lá pelo meio da noite, eu grito NEXT, PLEASE! e eis que ele surge, e eu não teria ficado tão impressionado se ele estivesse trajando couro do saco ao gorrinho, não fosse pelas longas orelhas... de coelho. Segue diálogo:

- Ahhhhhhh não? O que tu faz aqui?
- Cansei da Alemanha e vim pra cá.
- Tu ta trabalhando aqui?
- Sim, só hoje... um amigo me chamou... O que são essas orelhas?

Ok, vale lembrar que a festa era na páscoa, mas das milhares de pessoas que passaram pela chapelaria onde eu estava trabalhando, apenas uma estava usando orelhas de coelho. Obviamente, isso reforçou a minha teoria de que o coelhinho da páscoa é, na verdade, o Papai Noel disfarçado.

domingo, julho 10, 2005

Turbinado!

Quem acompanha o Seletando desde antes de eu viajar, sabe que eu tinha diversos problemas com um computador que só funcionava quando ele mesmo queria. Além disso, quando ele queria funcionar, ele não se esforçava muito para fazer o que eu gostaria que ele fizesse.

Aqui embaixo vocês podem ver o local onde eu escrevo os posts pro Seletando e o meu NOVO computador. Sim, ele é TODO novo, ao contrário do antigo, que era uma compilação de todos os computadores que eu ja tinha tido na minha vida (e não foram poucos...). Atenção para os seguintes detalhes:

1. monitor de 19" LCD, comprado na Alemanha pelo mesmo preço de um 17" CRT aqui no Brasil;
2. iPod, que tem sido um grande estímulo para ir na academia, afinal, agora eu não preciso mais ouvir aqueles dancezinhos e pagodes horríveis que o pessoal faz questão de ter como música ambiente;
3. celular no porta-lápis, pois onde eu moro não tem quase sinal, e ele só funciona direito e recebe ligações quando está em pé.
4. iogurte Corpus com 0% de gordura recém devorado (esse ja é o quinto ou sexto do dia...)

Ali embaixo tem um post grandão... té mais ;)

Tuuuuuuuuuuuuudo outra vez...

Já que eu devia algumas satisfações a todos que lêem esse blog (que eu imagino não serem muitos além dos próprios autores, aos quais eu já dei todas as satisfações necessárias), aí vão elas.

Fui embora de Londres. Eu não agüentava mais fazer sanduíche e ficar 8 horas e meia por dia sem pensar, incluindo o período de 45 minutos que eu tinha de intervalo, no qual tudo que eu queria era ficar sentado no sol respirando um pouco de ar puro e tentando imaginar uma forma de tirar o cheiro de maionese de atum que ficava nas minhas mãos depois de fazer centenas de sanduíches (sem exagero). Eu estava ganhando bem para isso e tinha vários benefícios no trabalho esse, tanto presentes como futuros, mas como eu não tinha planos de me tornar um Team Leader ou um Team Trainer, resolvi ir embora mesmo antes de virar um Team Member Star e tornar-me apto a manusear o fatiador de vegetais.

Enquanto estava no meio do nada, mais precisamente Blasheim, um condado de Lübbecke (não confundir com Lubeck, uma cidade de grande importância cultural e histórica, tanto política como economicamente), tive duas semanas nas quais tudo que eu fiz foi quase exclusivamente pensar na minha vida. Pensei, pensei, pensei e decidi fazer faculdade de Medicina quando voltasse para o Brasil. Portanto, ficaria uns meses na Inglaterra, até setembro, mais ou menos, depois iria em outubro para Florianópolis para fazer um curso de salva-vidas que há anos eu tenho vontade de fazer para, no outro ano, estudar para o vestibular e, ainda um ano depois, entrar na faculdade. Como a vidinha em Londres estava uma monotonia, e minhas costas reclamavam da altura dos balcões onde eu fazia sanduíche, resolvi ir logo embora. Claro, não sem antes dar um pulinho na Alemanha.

Por que Alemanha, de novo? Primeiro: eu precisava fechar minha conta no banco. Segundo: eu tinha de desfazer o meu registro na cidade (não peçam para eu explicar isso agora; tudo será explicado em um post futuro, entitulado "coisas estranhas que só acontecem na Alemanha"). Terceiro: eu tinha de sair para jantar com um seletável em potencial. Para ajudar ainda mais, havia um vôo superbarato de Londres para Köln, cidade vizinha à Essen, exatamente no dia em que terminava o meu aluguel. Não tive dúvidas. Fico uma semana em Essen na casa de uns amigos, saio com o seletável, fecho a conta no banco, aviso o governo que to indo embora da cidade, pego um trem pra Frankfurt, remarco meu vôo para Porto Alegre e no outro domingo já estou no meu quartinho.

A semana em Essen foi maravilhosa. Fazia muito tempo que não achava um seletável tão cheio de atributos. O tempo, então, não poderia estar melhor. Ao contrários das várias camadas de neve que havia enquanto eu morava lá, dessa vez cheguei na cidade junto com uma onda de calor de 30 graus. Dias lindos. A cidade, que antes eu achava HORRÍVEL, estava muito mais colorida e as pessoas, que eram as mais grossas e mal educadas que eu já tinha conhecido, estavam quase, digamos assim, doces. Fiquei até um pouco triste ao ir embora, mas muito feliz também por estar voltando para o Brasil. Cheguei a pensar em ir para a Grécia, fazer um trabalho voluntário cuidando de animais, mas seria muito difícil levar toda minha bagagem acumulada para uma ilhazinha desconhecida, sem falar que eu provavelmente teria de carregar boa parte das minhas coisas a pé por um bom percurso. E indo para o Brasil eu poderia começar a estudar logo para o vestibular, para fazer vestibular já em 2006.

E assim está sendo. As aulas no cursinho já começaram faz mais de um mês. Os professores são quase os mesmes. Os alunos, em sua esmagadora maioria, nasceram quando eu já sabia ler, escrever e calcular raiz quadrada e cúbica e resolver problemas de álgebra (sim, com 10 anos eu já sabia o que era álgebra). Ainda não conversei com muitas pessoas por lá. Tenho a impressão de que eles me acham um pouco estranho. Eu também não faço muita questão de ser um cara simpático. Talvez, pela minha adolescência conturbada, eu hoje sinta um pouco de dificuldade em lidar com essas criaturas demoníacas e meio histéricas, chamadas adolescentes.

Quando entrei na sala de aula no primeiro dia, tive um momento nostálgico. Momento esse que acabou por se extender até a próxima semana. A sala era a mesma na qual eu estudei quando fiz cursinho para o vestibular anterior: mesmas cadeiras, mesmas paredes, mesmo tablado, mesmo quadro, mesma iluminação: tudo igual. Eu podia rever várias cenas pelas quais eu passei há 5 anos: amigos e eu conversando, meu namorado da época me telefonando, matação direta de aula para comer xis no coqueiro. Bons tempos aqueles. Espero que essa fase de cursinho seja tão boa como foi a outra.

Além do cursinho, eu tenho estudado em casa. Sim! Para quem me conhece sabe que isso é algo inédito. Nunca durante todo os meus ensinos fundamental e médio, durante os dois vestibulares, durante meus dois cursos na faculdade e durante todas as cadeiras de curso 2 que eu fiz na UFRGS, eu estudei para alguma matéria em casa. No máximo li algum resumo no ônibus. Ainda lembro de quando estava decorando formas básicas de cinemática no carro enquanto me levavam para a prova de Física. Dessa vez é diferente. Um desvio e meio não basta. Preciso de dois desvios e meio para passar com uma certa vantagem e com tranqüilidade. Portanto, estou estudando em casa. Não tanto quanto deveria, mas bem mais do que estou acostumado.

A vida afetiva tem sido a representação absoluta do vácuo desde que saí de Essen. Em Londres também ela não era movimentada. Ok, lembrem que estou me referindo a vida afetiva, não a sexual. Sair na noite é um saco. Alíás, sempre foi, mas antes eu andava bem mais disposto a suportar música ruim e gente chata por todos os lados. De qualquer forma, a meta desse ano não é seletar um namorado, é seletar uma vaga no curso de Medicina de uma das federais de Porto Alegre. Torçam por mim.

Beijos a todos...