s e l e t a n d o ----> ?


sábado, dezembro 24, 2005

Onde iremos parar?

Comentário publicado no jornal "Correio do Povo" de Porto Alegre, pelo colunista Flávio Alcaraz Gomes, que pode ser conferido em: http://www.cpovo.net/jornal/A111/N83/HTML/Flavio.htm

Bi
'Sou bi. E daí?', brada desafiadora na capa da Veja a cantora Ana Carolina. A princípio poderia parecer que a madame era bicampeã de algum esporte, como pingue-pongue, por exemplo. Qual nada. Ela alardeia ser bis-sexual, isto é, gostar tanto de homem como de mulher. Sinal dos tempos, sentenciaria o conselheiro Acácio. Tempos que certos veículos de comunicação aceleram, retratando (e não raro incentivando) nojentas práticas, como homem beijando homem na boca, mulheres idem. Perguntei a um jovem colega, pai de duas meninas de 10-12 anos, qual a postura de suas filhinhas diante de cenas assim na televisão. Ele respondeu que bloqueou o televisor. Mas quando elas saírem à rua e virem ao vivo o que se repete num shopping de Porto Alegre? Como blindar-se dessa agressão permanente de minoria amoral que quer destruir a família?

Abaixo, minha resposta ao Sr. Alcaraz Gomes, que recém enviei ao editor do Correio do Povo, ao espaço do leitor e ao próprio autor do infeliz comentário:

Prezados Senhores:

Considero revoltante o comentário de Flávio Alcaraz Gomes, no qual ele considera o beijo entre duas pessoas do mesmo sexo uma "prática nojenta".

Já na década de 70 a homossexualidade foi retirada do Código Internacional de Doenças, desde então não podendo mais ser considerada como tal. Não há qualquer Associação de Psicologia ou Psiquiatria no mundo que considere tal prática prejudicial. Verdadeiramente prejudicial, segundo consensos dessas instituições, é a não aceitação por parte da sociedade e, assim, do próprio praticante. Estatísticas apontam que o número global de homossexuais seja superior a 10%, embora poucos estejam "fora do armário", e sim vivendo às escondidas. Não há absolutamente nenhuma publicação científica que indique que jovens se tornam propensos a homossexualidade por conviverem ou terem contato com homossexuais, sejam femininos ou masculinos. Muitos avanços houve em relação à descoberta dos motivos que levam a esse comportamento, e muitos expertos são categóricos ao afirmar que essa é uma condição que se desenvolve ainda na vida intra-uterina ou, até mesmo, de caráter hereditário, não sendo, portanto, uma escolha. Talvez, se as filhas de 10 e 12 anos do colega do Senhor Alcaraz Gomes soubessem que isso existe e que não é "coisa do diabo", fosse mais fácil para elas se aceitarem, caso, um dia, descobrissem que preferem meninas a meninos.

Em países desenvolvidos o terceiro setor investe sempre mais na venda de produtos e na criação de serviços para esse público alvo, pelo fato de normalmente serem um casal sem filhos, estáveis profissionalmente e com grande poder aquisitivo. Nesses mesmos países é permitido o casamento civil entre pessoas do mesmo sexo. O Brasil evoluiu ao ponto de permitir que seja realizada a declaração de união estável. Assim como a cantora Ana Carolina disse em voz alta que é bissexual, o prefeito de Paris assumiu publicamente sua homossexualidade. Houve uma época em que, na Alemanha, acreditava-se que o primeiro-ministro fosse homossexual, e perguntaram o que a população pensava a respeito; o resultado foi quase unânime: a população não liga, contanto que ele faça o seu trabalho. Na música brasileira, Ana Carolina não é a primeira. Renato Russo e Cássia Eller, ícones populares, já demonstraram que homossexualismo não é empecílho para a venda de discos.

Músicos, escritores, médicos, jornalistas, publicitários, metalúrgicos, atores, presidentes, motoristas, empresários, advogados ou veternários - todos podem gostar de alguém com a mesma genitália. Homens, mulheres e algo no meio. Jovens e velhos; ricos e pobres. O que deveria definir o caráter de uma pessoa perante a sociedade não é com quem ou com quantos ela vai para a cama - para a escada, para o morro, para a moita -, mas sim os seus deveres como cidadão. Será que o Sr. Alcaraz Gomes recicla o seu lixo e paga todos seus impostos? Ele faz o possível para não desperdiçar água? Também espero que nunca tenha atravessado com seu carro na faixa de segurança sem olhar para os lados, ameaçando a vida de pedestres. Eu considero isso muito mais abominável que beijar outra pessoa que também tenha barba. Fato esse que é menos nauseante que presenciar demonstrações heterossexuais exageradas de afeto em público e pouco pertinentes a muitos locais onde freqüentemente acontecem.

Enfim, o Senhor Flávio Alcaraz Gomes tem opiniões desprezíveis, que não deveriam ser veiculadas por um meio informativo e de tamanho renome como o Jornal Correio do Povo. É uma lástima.

Saudações,

Alex



Quando esse mundo vai mudar?

sexta-feira, dezembro 16, 2005

Continuação...

Depois do comentário desmotivador deixado por algum anônimo em relação ao último post, sinto-me na obrigação de contar como correu tudo depois do simulado, e como foi o resultado.

De todos da minha sede do cursinho, eu fiquei em primeiro lugar. Sim.

Média harmônica calculada segundo as médias das provas da UFRGS do ano passado: aprox. 770 pontos.
Média harmônica calculada segundo as médias das provas do Simulado, considerando que estavam realmente mais fácil, portanto, corrigindo estatisticamente os possíveis erros de previsão e servindo portanto, como uma boa avaliação da realidade: 723 pontos.

Acho pertinente que se tenha em mente que as pessoas que estão fazendo um cursinho, ao menos teoricamente, lá estão para aprender, estudar, e, portanto, ser melhores que aqueles que vão fazer a prova estudando ou por conta própria, ou sem estudar. Dessa forma, embora as provas do simulado estivessem mais fáceis (e nem todas, algumas tiveram médias ainda mais baixas que as provas da UFRGS do ano passado e de anos anteriorres), tenho subsídios para acreditar que minha média na UFRGs seria mais alta, já que os outros que fizeram a mesma prova estavam mais preparados que eu. Outro bom critério de comparação é considerar que as pessoas que fizeram o simulado eram aquelas que acreditavam no seu potencial; as outras ficaram em casa no final de semana, ou foram passear no parque.

Caso o Anônimo que entrou no meu blog e deixou o seu infeliz comentário no post anterior esteja lendo isso agora e seja um um possível concorrente meu ou já tenha mesmo desistido de fazer vestibular para Medicina por já ter fracassado em tentativas subseqüentes - e, de qualquer forma, louváveis, já que toda tentativa o é - esteja lendo isso, gostaria de deixar o meu pequeno histórico para ele:

2000: fiz vestibular saindo do terceiro ano, sem estudar, fosse para passar nele ou para passar de ano. Média: 600 pontos. Aprovado em Engenharia de Alimentos na UFRGS. Infelizmente o curso não era exatamente o que eu esperava, portanto, deixei-o;

2001: vestibular novamente, após fazer cursinho e não ter feito um único exercício proposto, afinal, eu estava muito preocupado em meio ao meu primeiro namoro e à ânsia desesperada de sair do país e ver coisas novas. Média: 660 pontos.

Hoje, depois de passar por todo um curso superior, de ser forçado a escrever artigos científicos na faculdade, após aprender a pensar criticamente e a ter responsabilidade (conquante não tenha ao montante desejado), estou pronto. Se, em um ano sem estudar, minha média aumentou 60 pontos, imagino que agora, sabendo o que é um logaritmo, entendendo de PA e PG e, acima de tudo, sabendo escrever muito melhor - fato que pode ser percebido pela minha alternância quase magistral entre períodos longos e curtos utilizando os nexos mais adequados, sem deixar o sentido da frase ser perdido - eu tenha condições de passar. Sem falar que, no meu último vestibular, eu falava a língua inglesa mal e porcamente, hoje eu falo 6 idiomas. Incrivelmente, aprender aquilo que eu não sabia ou havia esquecido tem sido uma tarefa fácil e até divertida.

E se, em uma hipótese muito remota, não passar? Bom... nesse caso, já tenho um diploma, tenho propostas de trabalho, tenho disposição e coragem. Além do que, tenho meus amigos, que sempre me apoiaram - agradeço-lhes muito.

Portanto, caro Anônimo, reveja seu texto. E não me refiro apenas à mensagem presente nele, mas aos seus muitos erros gramaticais e ortográficos, que visivelemnte estão muito aquém de serem erros de digitação.

Amanhã será a primeira prova. Desejem-me sorte.

Um grande abraço,

Alex :)