Onde iremos parar?
Comentário publicado no jornal "Correio do Povo" de Porto Alegre, pelo colunista Flávio Alcaraz Gomes, que pode ser conferido em: http://www.cpovo.net/jornal/A111/N83/HTML/Flavio.htm
Bi
'Sou bi. E daí?', brada desafiadora na capa da Veja a cantora Ana Carolina. A princípio poderia parecer que a madame era bicampeã de algum esporte, como pingue-pongue, por exemplo. Qual nada. Ela alardeia ser bis-sexual, isto é, gostar tanto de homem como de mulher. Sinal dos tempos, sentenciaria o conselheiro Acácio. Tempos que certos veículos de comunicação aceleram, retratando (e não raro incentivando) nojentas práticas, como homem beijando homem na boca, mulheres idem. Perguntei a um jovem colega, pai de duas meninas de 10-12 anos, qual a postura de suas filhinhas diante de cenas assim na televisão. Ele respondeu que bloqueou o televisor. Mas quando elas saírem à rua e virem ao vivo o que se repete num shopping de Porto Alegre? Como blindar-se dessa agressão permanente de minoria amoral que quer destruir a família?
Abaixo, minha resposta ao Sr. Alcaraz Gomes, que recém enviei ao editor do Correio do Povo, ao espaço do leitor e ao próprio autor do infeliz comentário:
Prezados Senhores:
Considero revoltante o comentário de Flávio Alcaraz Gomes, no qual ele considera o beijo entre duas pessoas do mesmo sexo uma "prática nojenta".
Já na década de 70 a homossexualidade foi retirada do Código Internacional de Doenças, desde então não podendo mais ser considerada como tal. Não há qualquer Associação de Psicologia ou Psiquiatria no mundo que considere tal prática prejudicial. Verdadeiramente prejudicial, segundo consensos dessas instituições, é a não aceitação por parte da sociedade e, assim, do próprio praticante. Estatísticas apontam que o número global de homossexuais seja superior a 10%, embora poucos estejam "fora do armário", e sim vivendo às escondidas. Não há absolutamente nenhuma publicação científica que indique que jovens se tornam propensos a homossexualidade por conviverem ou terem contato com homossexuais, sejam femininos ou masculinos. Muitos avanços houve em relação à descoberta dos motivos que levam a esse comportamento, e muitos expertos são categóricos ao afirmar que essa é uma condição que se desenvolve ainda na vida intra-uterina ou, até mesmo, de caráter hereditário, não sendo, portanto, uma escolha. Talvez, se as filhas de 10 e 12 anos do colega do Senhor Alcaraz Gomes soubessem que isso existe e que não é "coisa do diabo", fosse mais fácil para elas se aceitarem, caso, um dia, descobrissem que preferem meninas a meninos.
Em países desenvolvidos o terceiro setor investe sempre mais na venda de produtos e na criação de serviços para esse público alvo, pelo fato de normalmente serem um casal sem filhos, estáveis profissionalmente e com grande poder aquisitivo. Nesses mesmos países é permitido o casamento civil entre pessoas do mesmo sexo. O Brasil evoluiu ao ponto de permitir que seja realizada a declaração de união estável. Assim como a cantora Ana Carolina disse em voz alta que é bissexual, o prefeito de Paris assumiu publicamente sua homossexualidade. Houve uma época em que, na Alemanha, acreditava-se que o primeiro-ministro fosse homossexual, e perguntaram o que a população pensava a respeito; o resultado foi quase unânime: a população não liga, contanto que ele faça o seu trabalho. Na música brasileira, Ana Carolina não é a primeira. Renato Russo e Cássia Eller, ícones populares, já demonstraram que homossexualismo não é empecílho para a venda de discos.
Músicos, escritores, médicos, jornalistas, publicitários, metalúrgicos, atores, presidentes, motoristas, empresários, advogados ou veternários - todos podem gostar de alguém com a mesma genitália. Homens, mulheres e algo no meio. Jovens e velhos; ricos e pobres. O que deveria definir o caráter de uma pessoa perante a sociedade não é com quem ou com quantos ela vai para a cama - para a escada, para o morro, para a moita -, mas sim os seus deveres como cidadão. Será que o Sr. Alcaraz Gomes recicla o seu lixo e paga todos seus impostos? Ele faz o possível para não desperdiçar água? Também espero que nunca tenha atravessado com seu carro na faixa de segurança sem olhar para os lados, ameaçando a vida de pedestres. Eu considero isso muito mais abominável que beijar outra pessoa que também tenha barba. Fato esse que é menos nauseante que presenciar demonstrações heterossexuais exageradas de afeto em público e pouco pertinentes a muitos locais onde freqüentemente acontecem.
Enfim, o Senhor Flávio Alcaraz Gomes tem opiniões desprezíveis, que não deveriam ser veiculadas por um meio informativo e de tamanho renome como o Jornal Correio do Povo. É uma lástima.
Saudações,
Alex
Quando esse mundo vai mudar?
Bi
'Sou bi. E daí?', brada desafiadora na capa da Veja a cantora Ana Carolina. A princípio poderia parecer que a madame era bicampeã de algum esporte, como pingue-pongue, por exemplo. Qual nada. Ela alardeia ser bis-sexual, isto é, gostar tanto de homem como de mulher. Sinal dos tempos, sentenciaria o conselheiro Acácio. Tempos que certos veículos de comunicação aceleram, retratando (e não raro incentivando) nojentas práticas, como homem beijando homem na boca, mulheres idem. Perguntei a um jovem colega, pai de duas meninas de 10-12 anos, qual a postura de suas filhinhas diante de cenas assim na televisão. Ele respondeu que bloqueou o televisor. Mas quando elas saírem à rua e virem ao vivo o que se repete num shopping de Porto Alegre? Como blindar-se dessa agressão permanente de minoria amoral que quer destruir a família?
Abaixo, minha resposta ao Sr. Alcaraz Gomes, que recém enviei ao editor do Correio do Povo, ao espaço do leitor e ao próprio autor do infeliz comentário:
Prezados Senhores:
Considero revoltante o comentário de Flávio Alcaraz Gomes, no qual ele considera o beijo entre duas pessoas do mesmo sexo uma "prática nojenta".
Já na década de 70 a homossexualidade foi retirada do Código Internacional de Doenças, desde então não podendo mais ser considerada como tal. Não há qualquer Associação de Psicologia ou Psiquiatria no mundo que considere tal prática prejudicial. Verdadeiramente prejudicial, segundo consensos dessas instituições, é a não aceitação por parte da sociedade e, assim, do próprio praticante. Estatísticas apontam que o número global de homossexuais seja superior a 10%, embora poucos estejam "fora do armário", e sim vivendo às escondidas. Não há absolutamente nenhuma publicação científica que indique que jovens se tornam propensos a homossexualidade por conviverem ou terem contato com homossexuais, sejam femininos ou masculinos. Muitos avanços houve em relação à descoberta dos motivos que levam a esse comportamento, e muitos expertos são categóricos ao afirmar que essa é uma condição que se desenvolve ainda na vida intra-uterina ou, até mesmo, de caráter hereditário, não sendo, portanto, uma escolha. Talvez, se as filhas de 10 e 12 anos do colega do Senhor Alcaraz Gomes soubessem que isso existe e que não é "coisa do diabo", fosse mais fácil para elas se aceitarem, caso, um dia, descobrissem que preferem meninas a meninos.
Em países desenvolvidos o terceiro setor investe sempre mais na venda de produtos e na criação de serviços para esse público alvo, pelo fato de normalmente serem um casal sem filhos, estáveis profissionalmente e com grande poder aquisitivo. Nesses mesmos países é permitido o casamento civil entre pessoas do mesmo sexo. O Brasil evoluiu ao ponto de permitir que seja realizada a declaração de união estável. Assim como a cantora Ana Carolina disse em voz alta que é bissexual, o prefeito de Paris assumiu publicamente sua homossexualidade. Houve uma época em que, na Alemanha, acreditava-se que o primeiro-ministro fosse homossexual, e perguntaram o que a população pensava a respeito; o resultado foi quase unânime: a população não liga, contanto que ele faça o seu trabalho. Na música brasileira, Ana Carolina não é a primeira. Renato Russo e Cássia Eller, ícones populares, já demonstraram que homossexualismo não é empecílho para a venda de discos.
Músicos, escritores, médicos, jornalistas, publicitários, metalúrgicos, atores, presidentes, motoristas, empresários, advogados ou veternários - todos podem gostar de alguém com a mesma genitália. Homens, mulheres e algo no meio. Jovens e velhos; ricos e pobres. O que deveria definir o caráter de uma pessoa perante a sociedade não é com quem ou com quantos ela vai para a cama - para a escada, para o morro, para a moita -, mas sim os seus deveres como cidadão. Será que o Sr. Alcaraz Gomes recicla o seu lixo e paga todos seus impostos? Ele faz o possível para não desperdiçar água? Também espero que nunca tenha atravessado com seu carro na faixa de segurança sem olhar para os lados, ameaçando a vida de pedestres. Eu considero isso muito mais abominável que beijar outra pessoa que também tenha barba. Fato esse que é menos nauseante que presenciar demonstrações heterossexuais exageradas de afeto em público e pouco pertinentes a muitos locais onde freqüentemente acontecem.
Enfim, o Senhor Flávio Alcaraz Gomes tem opiniões desprezíveis, que não deveriam ser veiculadas por um meio informativo e de tamanho renome como o Jornal Correio do Povo. É uma lástima.
Saudações,
Alex
Quando esse mundo vai mudar?