s e l e t a n d o ----> ?


segunda-feira, fevereiro 02, 2004

Oi, tudo bem?

Hoje eu telefonei para quatro pessoas, sendo que duas delas não estavam em casa. Quando telefonei para algumas cheguei a não saber o que dizer, da mesma forma como eu ficaria sem saber o que dizer se tivesse tentado procurar você. Numa das vezes minha mão tremia enquanto teclava no telefone. Acho que isso aconteceu porque o seu prefixo era o mesmo e eu tinha medo de teclar errado e você atender.

Já faz algum tempo, mais de um ano, que penso em ligar para você, afinal, nunca nos despedimos, simplesmente deixamos de nos falar e mesmo nas raras oportunidades nas quais nos encotramos fomos amistosos e polidos um com o outro. Educação? Talvez.

Hoje eu não o culpo mais, e espero que você também não me culpe. Óbvio que nós dois tivemos culpa, e também é certo que talvez você não queira mais nada comigo depois das atrocidades que eu fiz. Eu era pequeno e não sabia que atrás das portas da vida pode não haver absolutamente nada. Também não sabia que posso atravessar essas portas acompanhado e que, se eu não quiser, posso deixá-lo pra trás que você provavelmente entenderia com o tempo.

Eu só não podia antecipar o sofrimento que um dia eu hipoteticamente lhe causaria. Uma das maiores preciosidades que aprendi é que não há como preparar as pessoas para sofrer. A dor, dessa forma, só aumenta. Desculpe-me por isso, assim como eu o desculpo por ter sido descuidado comigo.

Eu não sei se gosto de você como você é hoje: você mudou tanto quanto ou até mais que eu. Imagino que você não pense em mim da mesma forma como penso em você. Às vezes fico imaginando se você pensou em mim alguma vez no último ano. Então, vou deixá-lo mais tranqüilo: não sinto falta de você como é hoje, sinto falta de você extamente como era quando nos conhecemos.

Muitas pessoas que estão lendo isso, inclusive alguns daqueles para quem eu telefonei agora há pouco, podem pensar que isso tudo digo para eles. Estão enganados. Também não acho que você esteja lendo isso, assim como não sei se você tem qualquer interesse na minha vida. Saiba que foi você que me levou a escrever da forma como escrevo hoje, e gostaria de algum comentário algum dia.


Sei que talvez não nos encontremos novamente tão cedo e também acho que podemos nunca mais nos ver ou conversar. Mas espero que, assim como sem querer nos encontramos uma vez, podemos esbarrar um no outro novamente. Gostaria de ter coragem para conversar com você, mesmo como amigos, afinal, seremos totalmente estranhos um para o outro. Talvez possamos começar algo novo.

Até mais,

Alex