s e l e t a n d o ----> ?


terça-feira, maio 11, 2004

Desmotivação tem sido palavra recorrente nas minhas conversas ultimamente. Antes que alguém pergunte, já comecei a escrever o TCC, e ele já tem quatro paginas. Espero que ele ainda aumente até sexta-feira. Claro que ele não vai aumentar sozinho; então, espero que EU o aumente até sexta-feira.

Mas o maior motivo dessa inércia existencial não é o TCC por si só, mas também tudo aquilo a que ele me remete: faculdade, formatura, mercado de trabalho, futuro incerto, opções a serem tomadas. Essas, então, são quase infinitas e não podem coexistir em sua maioria. E o que fazer então quando as opções que serão tomadas são, ao menos algumas, decorrentes de algo que não foi muito bem feito?

Exatamente. O que eu estou fazendo agora? O que quero, afinal, fazer em cinco anos? E em dez anos? Eu tenho alguns palpites, mas nenhum deles parece ser muito aplicável. Percebo apenas que não me imagino muito seguindo minha profissão a longo prazo. Também sei que tudo que eu planejei até hoje sempre deu errado de uma forma ou de outra. Ok, dizer que deu errado é muito radicalismo: deu certo, mas de uma maneira um tanto inusitada.

Por isso mesmo eu fiz a grande aquisição da semana: “O que devo fazer da minha vida?” escrito por Po Bronson. Segundo a orelha do livro, o autor foi a vários lugares e conversou com diversas pessoas realizadas na sua vida sobre a forma como elas chegaram a esse ponto e como descobriram a sua verdadeira vocação. Eu sempre tive uma cisma muito grande com livros de auto-ajuda, mas esse parece não ser bem o tipo, afinal, se ele ficar apenas dizendo coisas óbvias – como todo livro de auto-ajuda faz – pelo menos eu posso me divertir um pouco com as narrações.

E, ainda, no mesmo dia em que comprei o livro, rola um diálogo-de-porta-de-elevador (esse é parecido com o diálogo-de-parada-de-ônibus, execeto que o muda o meio de transporte e o tempo de espera – às vezes) no Instituto de Psicologia, onde tenho a minha fantástica (e chata) aula de Informática para Nutrição. Imaginem uma pessoa lendo uma placa com a descrição dos andares se virando e dizendo:

- Agora tudo que eu encontro por aí eu começo a ler.

Ok, minha reação é pensar “louca, porém letrada”. Ela continua, após um sinal de concordância que faço com a cabeça.

- Sabe o que é? É que eu não sei o que vou fazer no vestibular, então eu estou fazendo testes vocacionais aqui na UFRGS. Sempre sai uma coisa diferente. Eu já não sei mais o que fazer. É como se eu não gostasse de nada e gostasse de tudo ao mesmo tempo.

O elevador não chega. Ela continua.

- Agora vou ter que fazer vestibular novamente e ainda não sei para que vou fazer. É uma dúvida horrível essa.

O elevador chega, ela se despede e eu resolvo falar alguma coisa:

- Olha só, não te preocupa com o que tu vai fazer. Eu já comecei um curso, to terminando outro e ainda não tenho certeza. Faz qualquer coisa. No final das contas não faz muita diferença.

A porta do elevador fecha, e eu sumo.