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quarta-feira, maio 26, 2004

A Manhã Seguinte

Ontem eu estava falando com um amigo pelo Messenger. Na verdade, é alguém com quem eu fiquei recentemente e parecia ora interessado ora nem tanto. Essa parte, embora engraçada, não vai ser contada agora; talvez um outro dia. Hoje, vou resumir apenas em ‘ele ainda gosta do ex’.

Eu sou da teoria de que continuamos eternamente sentindo o mesmo pelas pessoas de quem gostamos, pois nos apegamos àqueles momentos como únicos e imutáveis. De fato, eles o são. O sentimento nunca é apagado, apenas para de evoluir. Isso machuca e leva um tempo para se acomodar, esse processo de transferência de um presente com um possível futuro para um passado que provavelmente não volte mais.

Já comentei por aqui que tenho umas dores-de-cotovelo de estimação. Depois da conversa eu lembrei do tempo em que essas dores de cotovelo que hoje eu praticamente nem sinto eram dores viscerais. Lembrei desse tempo especialmente quando acordei e não senti nada além de um pouco de frio e sono. Sempre depois de um final indesejado, às vezes por muitos meses, eu acordava e, nos primeiros cinco segundos, me sentia extremamente feliz e bem. Então eu me lembrava dele, do que tinha acontecido, de que não teria mais aqueles momentos de volta e me sentia muito mal. Posso dizer que isso é tão horrível quanto sair de um banho e se jogar em uma banheira de gelo. Não que eu já tenha feito isso alguma vez; não comecem a imaginar que eu seja mais louco do que aparento.

Isso já aconteceu com alguém, esses cinco segundos e o choque? Se não aconteceu, ótimo. É como se você acordasse com a luz do sol agradavelmente batendo no rosto e de repente alguém os perfurasse com uma lança. É como acordar sentindo cheiro lírios e do nada alguém descarregasse uma tonelada de lixo orgânico em cima da sua cama. Mas ou menos como sair do sono ouvindo Jewel e, sem mais nem menos, ter que ouvir música sertaneja pelo resto do dia. É assustador e parece que nunca vai terminar. Mas termina.